Vivat Cor Iesu, per Cor Mariae (Viva o Coração de Jesus, pelo Coração de Maria)
Falar
sobre o carisma e espiritualidade dehoniana, faz-me voltar às raízes de
nossa mística e rever o pensamento de nosso fundador Padre João Leão
Dehon, e seu ardente amor ao Coração de Jesus. Desde cedo sua mãe lhe
ensinou esta devoção e daí brotou sua vocação ao sacerdócio. Manifestou
sua vontade ao pai, que na época não aceitou e o obrigou a estudar
Direito. Terminado os estudos, entregou ao ...
...
pai o Diploma de Advogado e entrou no seminário. Tornou-se sacerdote
secular e, neste período, conheceu a Irmã Maria Inácia, das Irmãs Servas
do Coração de Jesus que recebia revelações do Sagrado Coração.
A
partir daí sentiu então um desejo ardente de ser religioso e fundar uma
ordem religiosa, com o nome de Oblatos do Coração de Jesus, que a
princípio não deu certo. Porém, em 1878, foi aprovada a Congregação dos
Padres do Sagrado Coração de Jesus, que perdura até os dias de hoje, com
cerca de 2300 padres além dos irmãos religiosos, e presente em mais de
38 países. Como congregação, estamos divididos em Províncias, Regiões e
Distritos, como formas de administração.
Em seu testamento espiritual, Padre Dehon nos escreve: "Eu
vos deixo o mais maravilhoso dos tesouros: o Coração de Jesus. Ele
pertence a todos, mas tem um carinho especial pelos sacerdotes que lhe
são consagrados e se dedicam completamente ao seu amor".
Algumas
frases motivadoras para Padre Dehon tornaram-se nossa Regra de Vida, em
nosso modo de ser e viver a espiritualidade, tais como:
1) Quis sic Amantem nom redamet?
(Como não amar a quem tanto ama?). É fruto da contemplação do lado
transpassado e do amor que descobre para consigo e a humanidade neste
sinal. Sente a necessidade profunda de amar a este mesmo Coração de
Jesus e nele amar a todos os homens, especialmente os menos amados; 2) Ecce Venio… Ecce Ancilla… (Eis me aqui… Eis a serva do Senhor…). É a disposição de se unir à missão de Jesus e de Maria para só fazer a vontade do Pai.
Segundo o Pe. Dehon, nestas palavras, está toda a nossa vocação, nosso fim, nosso dever, nossas promessas (cf. CST. 6); 3) Domine, quid me vis facere?(Senhor, que queres que eu faça?) É a disponibilidade interior de realizar em tudo o projeto de Deus em nossa vida; 4) Adveniat RegnumTuum
(Venha o teu Reino). Este era o centro da preocupação de Cristo e que
se tornou o anseio profundo do Coração de Pe. Dehon. Entendia, Padre
Dehon, por Reino, o amor do Coração de Jesus presente na vida de cada
pessoa e nas estruturas da sociedade; 5) Sint Unum – Que sejam Um.
Diante de tal testamento e missão, nossa espiritualidade se traduz em:
a) adoração eucarística. Segundo Padre Dehon “Sem a oração, nossa obra não cumpre sua missão”;
b) ministério junto aos pequenos e humildes, operários e pobres, para lhes anunciar as insondáveis riquezas de Cristo;
c) promover as vocações sacerdotais e trabalhar para formação de sacerdotes. Para Padre Dehon “A obra das obras é formar sacerdotes e cultos, zelosos e virtuosos”;
d) inserção na missão eclesial, em comunhão com a vida da Igreja e os responsáveis locais;
e) atenção aos sinais dos tempos e às orientações apostólicas da Igreja;
f)
dedicação apostolado nos colégios e meios de comunicação social, ao
apostolado da imprensa, pastoral da juventude e missões e apostolado
junto aos menores abandonados e operários.
O
que dizer e o que fazer? Muito. Confiando na presença do Espírito que
nos enviou a esta Congregação, devemos ser “profetas do amor” de Deus em
Jesus Cristo, “ministros da reconciliação dos homens e do mundo” (Regra
de vida, 7), nesse amor redentor.
* Autor - Pe. Carlinhos (SCJ) – vigário da Paróquia de Sant’Ana, em Lavras
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