Aos
Presbíteros, Diácono Permanente, Religiosos e Religiosas, aos Membros
dos Conselhos Paroquiais, aos Fiéis Leigos e Leigas e a todo o Povo de
Deus que se encontra na Diocese de São João Del-Rei. A minha saudação de paz e a certeza de que eu lhes quero muito bem como bispo, irmão e amigo. É na procura da concórdia, do entendimento e do desejo de ...
...
que os Municípios que se encontram na região de nossa Diocese possam
escolher com muita lucidez seus representantes como Prefeitos (as),
Vice-Prefeitos (as) e Vereadores (as) nas eleições municipais de outubro
próximo que envio esta Carta Pastoral para todos.
Nossa
Igreja do Brasil, através da orientação dada pela CNBB, em abril
passado, durante a Assembléia Geral realizada em Aparecida, como também
nós, bispos do Regional Leste II, Minas Gerais e Espírito Santo, temos
tido a preocupação de orientar nosso povo neste momento importante, por
sabermos que o voto de cada pessoa vale muito para construirmos uma
realidade melhor nos Municípios de nossa região. Sabemos que a política,
exercida com honestidade e retidão, pode se tornar, para o cristão, uma
forma sublime de exercer a caridade (CNBB, Doc 67, 2). Por isso, todo
cristão é chamado a assumir este momento eleitoral com seriedade,
ajudando os irmãos e as Comunidades Paroquiais e Eclesiais a um sério
discernimento sobre a escolha de candidatos.
Cabe-nos
a missão de conscientizar os cidadãos e cidadãs de sua responsabilidade
de votar, e votar bem, tendo presente que seu voto não tem preço, tem
conseqüências, e de escolher com cuidado seus candidatos. Que os
candidatos sejam conhecidos e portadores de uma história de trabalho e
iniciativas em prol do desenvolvimento da comunidade local, sobretudo
dos mais pobres. Este momento também será oportuno para retomarmos a Lei
9840, de 1999, que define como crime a corrupção eleitoral e
assumirmos, agora, a mobilização nacional, em vista do aperfeiçoamento
dessa Lei de iniciativa popular.
A
Igreja não exerce política partidária, portanto, não indica partido ou
candidato durante as campanhas políticas. Porém, a Igreja, em seu
discurso e ação defende a política do bem comum e a construção da
democracia. “A Igreja tem o dever de oferecer, por meio da purificação
da razão e através da formação ética, a sua contribuição específica para
que as exigências da justiça se tornem compreensíveis e politicamente
realizáveis”. “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a
batalha política para realizar a sociedade mais justa possível [...].
Mas toca à Igreja, e profundamente, o empenhar-se pela justiça
trabalhando para a abertura da inteligência e da vontade às exigências
do bem” (Deus Caritas Est 27).
Nós
louvamos e incentivamos os nossos irmãos leigos e leigas que,
discernindo um apelo de Deus em suas vidas, dispõem-se a se candidatar a
algum cargo eletivo e, assim procurar realizar mais eficazmente o bem
comum. A Igreja do Brasil, através dos Documentos elaborados pela CNBB,
procura passar importantes orientações sobre esta participação efetiva
dos leigos e leigas no mundo da política.
Lembro, ainda, que os
leigos e leigas que têm uma participação mais efetiva em nossas
Paróquias e Comunidades Eclesiais, tais como Ministros Extraordinários
da Proclamação da Palavra e da Distribuição da Comunhão, Coordenadores
(as) de Conselhos de Comunidades ou outras importantes funções nas
Comunidades, que se apresentarem como candidatos (as) a cargos eletivos,
que não usem de seus serviços eclesiais como meio de sua promoção
eleitoral e que os Párocos e os Conselhos Pastorais Paroquiais decidam
sobre a permanência ou o afastamento dos mesmos em seus serviços
pastorais durante o tempo em que se transcorre a campanha eleitoral.
Somos
conscientes de nossas responsabilidades neste momento eleitoral nos
Municípios onde estamos como Igreja Particular de São João Del-Rei. Por
isso insistimos na necessidade de nossa participação ativa,
conscientizando a todos de sua responsabilidade de votar bem. Igualmente
lembramos que todos vocês são responsáveis pelo bom clima que deve
reinar durante este tempo, não permitindo divisões, brigas,
desentendimentos em nossas Comunidades Paroquiais. O exemplo de nossa
Igreja Católica nos Municípios seja para favorecer o crescimento de uma
sadia cidadania que deve ser exercida por todos.
Ainda
devemos pedir a todos que após as eleições tenham os corações abertos a
oferecerem o perdão, caso tenham sido ofendidos ou caluniados. Os
desentendimentos havidos deverão ser perdoados e todos procurem
restabelecer laços de amizade e companheirismo.
No
processo de uma verdadeira democracia que haja em nossos Municípios as
Comissões de acompanhamento às ações dos Prefeitos (as) e Vereadores
(as) que foram eleitos, para que exerçam com honradez seus mandatos e
cumpram com transparência e fidelidade os compromissos assumidos em
vista do bem comum, não permitindo benefeciar-se a si próprios ou a seus
parentes e amigos.
Agradecendo
a atenção e saudando a todos, com os votos de uma vida melhor para
nossos Municípios, quero abraçá-los e lhes dizer que acreditamos que é
possível um amanhã melhor pela participação de todos.
São João Del-Rei, 03 de julho 2012.
D. Célio de Oliveira Goulart,
Bispo Diocesano de São João Del-Rei.
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